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quinta-feira, 20 de abril de 2017

Amamentar

Não gosto de escrever sobre assuntos que gerem debate, não gosto de escrever sobre assuntos que possam fazer outras pessoas se sentir mal, gosto de escrever sobre assuntos onde tenho experiência e possa partilhar uma opinião. Resolvi falar ou desabafar sobre a amamentação, porque é um tema delicado para mim e passo a explicar porquê. 

Quando a minha filha nasceu tinha toda uma panóplia de coisas compradas para ajudar o processo de amamentação. Comprei discos, cremes, soutiens com fartura, camisas de noite apropriadas, e até escolhi roupa onde pudesse facilmente tirar a mama para alimentar a miúda. De nada valeu porque a Mada não agarrou o meu peito. Na maternidade tive um sem número de enfermeiras à minha volta na tentativa de pôr a miúda a mamar, e a certa altura já estava com os peitos tão doridos que pedi para pararem. Chorei algumas noites a pensar que não estava a fazer alguma coisa bem. Olhava para ela no berço, calma e serena, sem pedir para comer. Confesso que me fez confusão e de horas em horas tocava na campainha para me darem 30 ml de leite para a minha filha beber. Parecia que estava a pedir um croissant misto e meia de leite. O resultado dos dias que lá estive foi a perda de peso dela e a preocupação que isso me trouxe. O meu marido foi a melhor pessoa, esteve sempre do meu lado, nunca me pressionou e sempre me fez valer que as coisas muitas vezes são como são, e se ela preferia a tetina do biberão à maminha da mãe, pois eu teria de aceitar. Passamos muitas noites entre o som da minha bomba a tirar o leite e ele com ela nos braços a dar de biberão. Sempre que fosse possível bebia o meu leite e aos poucos ia acrescentando da fórmula. 

O meu peito explodia e eu ansiava por tirar coloca-la perto e esperar que agarrasse, mas deixei de me sentir mal pelo facto de a minha filha não pegar, e acreditem, não foi por falta de tentativas. Assumi que fosse só preguiçosa, aliás adoro dizer que foi preguiçosa para nascer e dar a volta e também para mamar. Faz parte dela. Passei-lhe boas imunidades, passei-lhe o meu leite até conseguir e fomos felizes. 

Agora o receio volta a instalar-se, não sei o que é dar de mamar e adorava saber. Quero muito que esta bébé mame, quero aprender a desfrutar de um acto que considero tão bonito, e gostava de ter essa experiência. Não sei se vai ser fácil, não sei como me vou gerir, afinal gerir um biberão onde um pode dar e deixar o outro dormir é bastante mais fácil, com dar de mamar só pode ser comigo fico mais preocupada. Assusta-me porque tenho experiência na maternidade, mas zero na amamentação. Vou manter-me positiva, calma e aceitar o que for. Também já sei que não me voltam a fazer passar pelo mesmo, vou levar para a maternidade um biberão com tetina apropriada, leite adaptado para recém nascido e toda a panóplia que achar necessário para alimentar a minha filha. Não a quero ver perder peso, não quero ter a pressão de a colocar na mama, não quero sentir que a enfermeira faz um sacrificío para me trazer uma miséria de leite para ela beber. Sou mãe e tenho toda a credibilidade para dar a minha filha o que acho melhor. Vou fazer de tudo e esperar que esta cheire o leite e venha a correr mamar, se não acontecer também já sei o que fazer. 

Aceitar que muitas vezes nem tudo está ao nosso controle faz-me sentir que cresci, amadureci e que ser mãe trouxe-me uma melhor aceitação que podemos fazer de tudo para nos sairmos bem, não significa que consigamos sempre. Só quero que elas saibam que são o maior amor da minha vida e que tudo o que faço por elas é por amor* 

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